terça-feira, 12 de maio de 2009

ESSA EU ADOREI!

Historinhas pra você dormir...

Zé Pançudo queria ser vereador. Afinal, muitos dos seus amigos já tinham conseguido. Estavam bem de vida. O prefeito não deixava faltar nada pra eles. Chamava-os de “meus caríssimos edis”. Custavam uma nota danada..

Mas Zé, por mais engraçado que fosse, não caia na graça do povo. Mas não perdia a esperança. “Um dia eu chego lá!” profetizou. “Minha vez há de chegar, quantas vezes Mário Narigão tentou e perdeu, mas hoje é homem feito na vida. Protegido do senhor prefeito..” – raciocinava.

Lá se vinham as próximas eleições. Pra prefeito e vereador. Prefeito, o povo só pensava em Toinho Cabeça de Todos Nós, ou simplesmente Toin Cabeção. Andou mudo afora. Sabia de coisas diferentes.

“É com ele que vou, agora é minha vez, o homem é embalado, vou pegar carona!” – concluiu brilhantemente. Noutro dia, foi direto falar com o homem. “Caiu na graça da gente, seu Antonio!”, foi direto.

“Tou aqui pra ser seu vereador, seu Toin, ou melhor, seu Antonio. “Mas eu não preciso de vereador, sou comerciante...” – dura foi a resposta que Zé Pançudo não assimilou. Mas não perdeu o jeito, nem a esperança.

Passou o tempo. Reuniões. Convenções. Zé, sempre dentro. Por aclamação, Toin Cabeção foi escolhido candidato. “Oh, que felicidade!” – suspirou o dono da pança mais expressiva da cidade, que também foi indicado candidato a vereador.

Na convenção, fez o melhor discurso. Cheio de planos para ele e sua família e de promessas para os eleitores. Desta vez, a coisa pegou. Renovação geral. De prefeito a vereadores. Lá estava em sua cadeira de nobre representante do povo o famoso Pancinha, para os mais íntimos. Depois da posse, foi logo entrando em audiência com Sua Excelência. Tinha uma boa proposta para os dois: “Na primeira cota, compre logo duas fazendas com gado pra o senhor. Na segunda, não esqueça do seu vereador!”

“Muito bem, Zé! Seu pedido foi gravado aqui, não vou apagar até falar com o Juiz, o Promotor e o Delegado. E como você é vereador, vou mandar mensagem à Câmara, apresentando suas nobres propostas.

Coisa estranha e rara! Zé sentiu as tripas afrouxando... Pensou na latrina de sua casa. Era longe... Licença pediu a Sua Excelência. O cagador tinha sido levado pelo antecessor.
Zé amarelou. Sentiu a pança cair, a merda bater no rejeite e o fedor resplandecer na sala inteira.

Solicitada, a ambulância não chegou. Estava sem pneus e gasolina. O jeito foi sair, todo cagado, no seu primeiro dia de parlamentar... Perdeu o apelido de Pançudo, mas a molecada o batizou de Zé Cagão. Quem queria chateá-lo, era só zunir: “Fuuuummm... Escrito por Salomão Gurgel às 00h28

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